Namorar ou não namorar. Eis a questão.

Nesse final de semana surgiu uma duvida muito cruel, porem pertinentes. Namorar é a mesma coisa que arrumar um emprego, você se candidata a vaga e a sorte está lançada, você sendo aceita na vaga surgem às tais funções que devemos desempenhar dentro daquele cargo. Namorar não é muito diferente. Então pergunto. Qual a função de um namorado? Fiz essa pergunta a uma querida amiga e sua resposta foi bem romântica, amar, respeitar, estar ao lado em todos os momentos planejando, estar junto sempre, um complemento para a vida. Essa amiga é solteira. E quando essas coisas não acontecendo dentro de um relacionamento? Qual a vantagem de namorar? Fico pensando porque tantas meninas, meninos na adolescência querem tanto namorar. Como já fui adolescente, um tanto diferente eu queria namorar só para fazer sexo, oras, deveria haver outro motivo alem desse? É lógico que hoje vejo isso diferente, não retiro o que pensava na adolescência só acrescento mais funções. A forma como estou expondo meus pensamentos pode ser fria, mas é a verdade. No sábado uma cliente antiga da empresa em que trabalho foi até a empresa e começamos a conversa, perguntei sobre sua família e com um olhar triste ela me disse que sua filha tinha ido embora de casa com o namorado. Sua filha tem 17 anos e diz que ama seu namorado. Eu também já disse muito isso quando tinha 17 anos. A garota largou o emprego, a escola e seu namorado também não têm emprego e eles estão morando na casa dos pais deles. A felicidade dela é resumida nele, a vida dela gira em torno dele. Há algo de errado na forma como muitas pessoas têm vivido suas relações amorosas. Isso é fácil de ser constatado, pois temos sofrido muito por amor. Se o que anda bem tem que nos fazer felizes, o sofrimento só pode significar que estamos numa rota equivocada. Nosso ideal romântico é assim: duas pessoas se encontram, se encantam uma com a outra, compõem um forte elo, de grande dependência, sentem-se preenchidas e completas e sonham em largar tudo o que fazem para se refugiar em algum oásis e viver inteiramente uma para a outra usufruindo o aconchego de ter achado sua "metade da laranja". Nada parece lhes faltar. Tudo o que antes valorizavam - dinheiro, aparência física, trabalho, posição social, estudos - parece não ter mais a menor importância. Tudo o que não diz respeito ao amor se transforma em banalidade, algo supérfluo que agora pode ser descartado sem o menor problema. Sabemos que quem quis levar essas fantasias para a vida prática se deu mal. Com o passar do tempo, percebe-se que uma vida reclusa, sem novos estímulos, somente voltada para a relação amorosa, muito depressa se torna tediosa e desinteressante. Podemos sonhar com o paraíso perdido ou com a volta ao útero, mas não podemos fugir ao fato de que estamos habituados a viver com certos riscos, certos desafios. Sabemos que eles nos deixam em alerta e intrigados; que nos fazem muito bem. De certa forma, a realização do ideal romântico corresponde à negação da vida. Visto por esse ângulo, o amor é a antivida, pois em nome dele abandonamos tudo aquilo que até então era a nossa vida. No primeiro momento até podemos achar que estamos fazendo uma boa troca, mas rapidamente nos aborrecemos com o vazio deixado por essa renúncia à vida. A partir daí, começa a irritação com o ser amado, agora entendido como o causador do tédio, como uma pessoa pouco criativa e desinteressante. O resultado todos conhecemos: o casal rompe e cada um volta à sua vida anterior, levando consigo a impressão de ter falido em seus ideais de vida. Os doentes acham que a saúde é tudo. Os pobres imaginam que o dinheiro lhes traria toda a felicidade sonhada. Os carentes - isto é, todos nós - achamos que o amor é a mágica que dá significado à vida. O que nos falta aparece sempre idealizado, como o elixir da longa vida e da eterna felicidade. Diariamente, porém, a realidade nos mostra que as coisas não são assim, e acho importante aprendermos com ela. Nossas concepções têm de se basear em fatos, nossos projetos têm que estar de acordo com aquilo que costuma dar certo no mundo real. Se for verdade, então, que o amor nos enche de alegria, vitalidade e coragem - e isso ninguém contesta -, por que não direcionar essa nova energia para ativar ainda mais os projetos nos quais estamos empenhados? Quando amamos e nos sentimos amados por alguém que admiramos e valorizamos, nossa auto-estima cresce nos sentimos dignos e fortes. Tornamo-nos ousados e capazes de tentar coisas novas, tanto em relação ao mundo exterior como na compreensão da nossa subjetividade. Em vez de ser um fim em si mesmo, o amor deveria funcionar como um meio para o aprimoramento individual, nos curando das frustrações do passado e nos impulsionando para o futuro. Com tantas contradições, cada individuo tem uma vida, afinal, Deus deu uma vida á cada um, dessa forma mesmo namorando ainda sim a vida é sua.

Comentários

  1. Que bom que no seu artigo você faz referência a sua adolescência, olhar o passado e dele tirar base para o presente é sensato.
    Algo que aprendi sobre o amor, é que se você não aprender a amar você, não terá forças para amar alguem de forma franca. Corre-se o risco desse relacionamento ser frágil, pois estará pautado em um amor mesquinho.
    Parabéns minha cara pela coragem do tema.
    bjs,
    Jânio.

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  2. ola gostei muito do artigo realmente nossas mentalidades mudam de acordo com a nossa maturidade hoje em dia eu quero um namorado, mas um namorado companheiro!!

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  3. Oi.. gostei do texto.. muito inteligente sua concepção de namoro, no final é verdade, a vantagem que o namoro traz ou o casamento ainda está para ser descoberta, acredito que seja mais social, é como se fosse necessário sociamente. Outro fator tb é o ciumes, achar q a pessoa é sua e de mais ninguem, gerando para ambas as partes a preucupação de saber aonde a outra pessoa está.. acessa meu blog.. comenta lá.. bjo http://pensamentosdovacuo.blogspot.com/

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  4. Adorei! Apenas não concordo no item que quando deixamos de namorar desistimos dos nossos sonhos. As vezes vc pode dedicar-se ainda mais a eles!
    Mas o texto é ótimo! Quem é o autor (a)?
    bjs
    Rodrigo Martins

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