Cabe em mim!

Entre o beijo e o abraço há uma calma que somente nós conhecemos, quase de cor. Não enjoo. A gargalhada ou um simples suspiro é capaz de acender o escuro de todas as aparências. O gosto de café às 6h, 7h e 8h; ultimamente também na alta madrugada. O olhar me procurando durante as compras na quitanda da esquina mais próxima. O mesmo modo de enxergar a festa toda vez que vejo vocês chegando. Todos os dias do meu calendário particular, até mesmo às segundas-feiras tão preguiçosas.

Aeroporto agora para mim é sinônimo de espera, mas de reencontro definitivo. O carro que me leva à companhia dos escolhidos. A menina que anda de salto mundo afora e quando descalça chora, não sonha mais sozinha. Alguém reparou? A gaiola aberta que abandonei em meu peito, que anda repleto de esperança, de oxigênio. Sob a nossa sombra, sinto a carícia das asas de bons pensamentos voando sem direção. Um dia elas também te tocarão.

Nossos momentos mais felizes, alguns duraram segundos. A estrada mais fácil para os nossos pensamentos: eles costumam se encontrar naquela praça de pedágio, onde a passagem é livre. Nunca precisamos de bula, mapa ou bússola, por isso, aprendemos de forma rápida o modo mais nítido de nos usar, sem pedir nada em troca. Quem sabe o amor.

O silêncio, antes de pronunciar qualquer coisa, ou querer falar de tudo. A lembrança de que nada se falou. A certeza de que haverá muito do que se falar. O que não sei dizer, tampouco explicar. O tempo andando devagar a divagar. Todas as palavras que ainda não escrevi. As que não foram ditas. E que mesmo assim, por nossos silêncios, compreende-se.



"...Somos mais que um

quando somos dois,

mas quando estamos entre tantos

não somos ninguém...”

(trecho da música A Redenção da Bicicleta, da banda Nuvens)

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